Adailton Medeiros é o criador do Ponto Cine, que fica no bairro de Guadalupe, na Zona Norte. De autoria do deputado Max Lemos, condecoração é a maior honraria do Estado do RJ
Fundador da primeira sala popular de cinema digital do Brasil, o Ponto Cine, o empresário Adailton Medeiros será homenageado com a medalha Tiradentes, no próximo dia 13 de novembro, às 18h30, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). A proposta é de autoria do deputado Max Lemos (MDB). Na ocasião, a instituição também será certificada como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Rio de Janeiro.
A Medalha Tiradentes é a maior honraria do Rio de Janeiro, destinada a premiar pessoas que prestaram relevantes serviços à causa pública do estado. Com programação exclusivamente dedicada a cinematografia brasileira, o Ponto Cine é um projeto de difusão do cinema brasileiro através de ações sociais, incluindo cursos, diálogos e festivais. É a única sala de cinema da América Latina a receber um Certificado de Compensação de Carbono. Na bagagem, estão 16 prêmios. Em 2019, com os cursos de extensão IFRJ – Instituto Federal do Rio de Janeiro -, tornou-se Polo Cinematográfico, ampliando os seus pilares: produção, exibição, troca de conhecimento e, em breve, distribuição.
Considerado o maior exibidor de filmes brasileiros de todo o mundo, o Ponto Cine tirou Guadalupe, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, das páginas policiais para os Cadernos de Cultura de todo o país. “Essa homenagem não é só minha, mas também do subúrbio carioca e, especialmente, do Cinema Brasileiro”, destaca Adailton.
De acordo com o deputado Max Lemos o Ponto Cine foi caso de estudo de 11 Universidades e tema de várias monografias e teses acadêmicas.
“Trata-se de um projeto que modifica a vida das pessoas, na elevação da autoestima e no desenvolvimento do sentido de pertencimento. Já tem vários prêmios, faltava essa homenagem que é mais que merecida”,
defende.
Perfil do homenageado
Adailton Medeiros, de 56 anos, é apaixonado pela cultura. Desde a adolescência, ele participa de grupos de teatro, música e poesia – sem falar nos filmes que tanto gosta. Seu amor pela sétima arte, aliás, virou um negócio: o Ponto Cine, um cinema que exibe apenas filmes nacionais.
Guadalupe é um bairro da Zona Norte do município do Rio de Janeiro. Foi em Anchieta, bairro vizinho, que Medeiros passou toda sua infância e se envolveu com diferentes grupos culturais. Com apenas nove anos, montou seu primeiro projetor feito com uma caixa de papelão e um monóculo. Quando tinha 21 anos, mudou-se para Rondônia. Ficou lá por 11 anos, envolvido em diversos projetos culturais e participando do movimento estudantil da região.
Posteriormente, Medeiros voltou à Zona Norte do Rio e percebeu um deserto cultural na região em que morava. Apesar de frustrado, o carioca demorou um tempo para tentar mudar essa situação. Foi trabalhar por alguns anos na Telecomunicações Aeronáuticas (Tasa). Até que, em 1995, pediu demissão. Com o dinheiro da demissão, Medeiros comprou seu próprio projetor.
No ano seguinte, com o equipamento, abriu a Casa Artes de Anchieta, seu primeiro centro cultural. No entanto, o negócio não foi para a frente. Em seguida, Medeiros criou um cinema itinerante. O projeto, só com filmes brasileiros, foi bem-sucedido. Algumas das exibições foram no Guadalupe Shopping, e chamaram atenção do dono do local, Ruy Paim. Foi ele quem convenceu Medeiros a abrir uma sala fixa no shopping, em 2006. Nascia ali, oficialmente, o Ponto Cine.